A Importância da Linguagem Simples na Comunicação: Por que o “Marketês” é tão usado até hoje?
Dia desses estava trocando uma ideia com a Gabriela Bussiki sobre a importância do uso da linguagem simples na comunicação, e nossa conversa me fez refletir sobre um fenômeno persistente: o uso exagerado de termos em inglês, o famoso “marketês”, por nós profissionais de comunicação. Eu me coloco nesse lugar, pois mesmo escolhendo não usar esses termos, volta e meia eles surgem.
Mas vejo muita gente usando o tempo todo. Mesmo em uma era que valoriza a clareza e a simplicidade. E isso só torna a comunicação menos acessível.
Essa conversa ficou ecoando na minha cabeça, principalmente depois de ouvir alguns episódios de um podcast sobre comunicação em que os envolvidos abusavam dos termos rebuscados. Uns mais, outros menos, outros ainda explicavam na sequência. E isso me fez perguntar: se precisa ser explicado, por que não já simplificar de início? Por isso resolvi escrever aqui um pouquinho.
Esse marketês, recheado de termos como “benchmarking”, “brainstorming”, “feedback”, “by the way” e “anyway”, pode até parecer sofisticado, culto, mas frequentemente ele acaba criando barreiras para o entendimento. Mesmo entre comunicadores, imagina no público geral. Essa insistência em usar essa linguagem vai totalmente contra a tendência atual de tornar a comunicação mais direta e compreensível. Hoje, mais do que nunca, é necessário lembrar que a comunicação não se resume apenas ao que falamos, mas principalmente ao que o outro entende. Somos, sim, responsáveis pelo que o outro entende, e isso exige um esforço consciente para simplificar e esclarecer nossas mensagens.
No contexto do serviço público, a necessidade de uma linguagem simples é ainda mais evidente e urgente. Os cidadãos, ao procurarem ou interagirem com órgãos públicos, merecem informações claras e acessíveis. Portanto, utilizar termos técnicos ou estrangeirismos desnecessários pode distanciar e confundir, prejudicando a transparência e a confiança no serviço prestado. Uma comunicação clara e direta facilita o acesso à informação, promove a inclusão e fortalece a democracia.
Pensando nesse contexto de descomplicar, a Wegov, organização dedicada à inovação no setor público, tem sido uma importante aliada na promoção da linguagem simples. Gabriela Tamura e André Tamura são figuras chave nesse movimento. Por meio de oficinas e eventos, eles têm conscientizado e treinado profissionais sobre a importância de se comunicar de forma clara e eficiente. A WeGov oferece uma série de atividades que demonstram como a linguagem simples pode transformar a interação entre governo e cidadãos, promovendo a inovação e, com isso, tornando os serviços públicos mais acessíveis e efetivos.
A Gabs e o André enfatizam que uma boa comunicação não precisa ser complicada para ser eficaz. Pelo contrário, quanto mais simples, mais poderosa e inclusiva ela se torna. E isso eu pude ver de perto, os acompanhando nessas oficinas e eventos.
Encaminhando para o fim, entendo que ao adotar a linguagem simples, os profissionais de comunicação e os servidores públicos não só melhoram o entendimento das suas mensagens, mas também promovem uma cultura de transparência e confiança. E isso é fundamental para garantir que todos os cidadãos possam acessar e compreender as informações que afetam suas vidas.
Trocando em miúdos, a era da comunicação simples e direta não é apenas uma tendência, mas uma necessidade. Devemos nos esforçar para eliminar o marketês e adotar uma linguagem que realmente comunique. Ao fazermos isso, garantimos que nossas mensagens não apenas sejam ouvidas, mas, mais importante, compreendidas.
E você? O que acha?
Excelente ponto, Marcus. Termos rebuscadas tendem a distanciar, e esse distanciamento colocam o ouvinte em ‘posição inferior’. Faz o ouvinte erroneamente pensar: se eu não estou entendendo, é porque eu não estudei tanto quanto ele. É o médico que abusa intencionalmente de termos técnicos pra lembrar quem é a autoridade no assunto.